quarta-feira, 1 de julho de 2015

As fotos coloridas no Facebook foram um experimento social da rede? Podem ter ESPIONADO ainda mais a nós??

  (Foto: reprodução - mashable)
Ficamos muito felizes ao ver nossa timeline no Facebook recheada de fotos de perfil com o filtro de arco-íris disponibilizado pela própria rede. Para quem ainda não sabe, a açaõ foi uma comemoração à decisão da Suprema Corte dos EUA de que o casamento de pessoas do mesmo sexo é um direito constitucional.
A ferramenta em si era simples, como explicamos aqui. Era só clicar em um link e autorizar o Facebook a colocar o filtro na imagem de perfil. Em poucas horas, mais de um milhão de pessoas já havia aderido ao filtro, de acordo com dados da própria rede social. 
Mas a movimentação, como aponta a Atlantic, gerou certa dúvida entre quem já conhece o Facebook melhor - será que a campanha "Celebrate Pride" seria mais uma forma de obter mais dados sobre os usuários?
lembra dele? (Foto: reprodução)
Já falamos aqui na GALILEU sobre experimentos que o próprio Facebook fez em seus usuários, como analisar o seu humor ou entender melhor suas inclinações políticas. E eles também analisam movimentos sociais online. Tanto que, em março, eles publicaram um estudo em que analisavam que fatores comportamentais poderiam prever o apoio de uma pessoa ao casamento gay. Na época, foram usados dados de uma campanha de 2013 que usou, como símbolo, o igual vermelho com o mesmo propósito: pessoas mudaram sua foto de perfil para essa imagem.
Mas qual é a vantagem de se analisar isso? Basicamente, entender se e como grupos podem se organizar online e, coletivamente, afetar movimentos sociais.
E aí, mudar a imagem de perfil funciona? Essa é a pergunta que acadêmicos se fazem desde 2009, quando o Twitter permitiu que seus perfis ficassem verdes e que a sua localização fosse alterada para Teerã, como sinal de apoio aos protestantes iranianos. Muita gente criticou a ação, como uma forma nada efetiva de ocidentais terem suas fantasias sobre a realidade no Irã, aquela história de 'ativismo de sofá' - uma forma de manifestação 'preguiçosa' que não teria valor político real. 
Mas dificilmente podemos dizer o mesmo da campanha da última semana. Colocar um arco-íris na foto de perfil, mesmo na sociedade brasileira, supostamente mais liberal, é assumir um risco. Em nossos perfis pessoais, ficamos orgulhosos ao ver uma troca de 'curtir' frenética entre as imagens de amigos após a adição do filtro. Porém, na página da GALILEU, recebemos comentários negativos, homofóbicos e várias 'descurtirdas' - tudo por uma celebração de igualdade. Ou seja, a causa da luta daquela bandeira não está tão distante de nós. E, tirando nossa marca e nós mesmos da equação e pensando em pessoas que vivem em círculos mais opressores, não dá para imaginar que usar o filtro como um símbolo de seus ideais possa ser considerado 'preguiçoso'. 
Nosso pico 'negativo' de descurtidas, exatamente na sexta-feira, quando mudamos a imagem de perfil da GALILEU (Foto: reprodução)
Mas o que faz com que pessoas se arrisquem? Será que, quanto mais amigos se envolvem em campanhas como essas, maior é a chance de participação? Essa pergunta foi feita em 1964 por um sociólogo de Stanford chamado Doug McAdam. Ele analisou o "Verão da Liberdade", uma ação que colocou 700 universitários dentro de famílias negras no Mississipi para registrar eleitores negros. E McAdam descobriu alguns fatores comuns aos envolvidos no Verão da Liberdade: um grande número de afiliações a organizações, priorização de atividades relacionadas ao direito civil e uma maior quantidade de relações com outros participantes.  Ou seja, a partir do momento em que alguém entrava no movimento, maiores eram as chances de seus amigos entrarem também. Esse estudo foi citado pela pesquisa publicada em março do Facebook como uma inspiração - era uma chance de entender como a participação nesses movimentos se espalha entre amigos.
Uma das questões era 'quantas vezes você precisa ver amigos mudando a imagem de perfil (em uma campanha como a de 2013) antes de decidir mudar a própria foto?'. A primeira hipótese era de que essa mudança de imagem tinha o mesmo padrão de popularização de um meme, ganhando mais influência com maiores compartilhamentos. A outra era a de que pessoas precisam ver várias pessoas adotando a posição antes de assumirem a própria.
Eles descobriram que vários fatores determinavam a adesão de uma pessoa à campanha. Afiliações políticas, religião e idade eram alguns mais óbvios. Mas o mais surpreendente foi ver que as pessoas se sentiam mais encorajadas a mudar a foto de perfil depois de seis amigos terem mudado também. E seis é o número mágico: se mais pessoas na timeline mudavam a foto, a chance de adesão permanece alta do mesmo jeito. Mas, menos do que isso, e a chance era mais baixa.
Há uma grande diferença entre a forma com que um meme se espalha: um meme não precisa da validação de amigos, como a mudança da foto de perfil por uma imagem de campanha. 
Mas aí surge outra questão: usuários influenciam seus amigos ou já têm amigos que dividem suas crenças? Essa pergunta ainda não tem resposta para os estudos do Facebook. 
Experimento? Deixando isso de lado e voltando à recente campanha de mudança de perfil: ela é um experimento? De acordo com o Facebook, a ferramenta em si foi criada por dois estagiários em um hackathon da empresa - bem a tempo de estar disponível para todo mundo na sexta-feira, após a decisão da suprema corte. De acordo com um porta-voz da rede social, não é um experimento ou teste, já que o algoritmo da timeline das pessoas não foi alterado. Todos vêem a mesma coisa - ao contrário de estudos passados nos quais o algoritmo foi mudado para entender melhor o humor dos usuários. 
Mas mesmo que a ferramenta não tenha sido criada como parte de um experimento, nada impede pesquisadores da rede de obter dados sobre ela para analisar o comportamento dos usuários. Afinal, de toda a forma, qualquer ação nossa por lá, até clicar em um 'curtir', já é analisada.
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