segunda-feira, 20 de abril de 2015

Babilônia conservadora em “Perseguição”: Televangelista híbrido cai em armação de neocon pagão, e o “evangelho” da liberdade de expressão, do patriotismo ou igualdade substituindo o Evangelho de Jesus Cristo

Julio Severo
Enfim, um filme conservador! Dias atrás, assisti entusiasmadamente à “Perseguição,” um filme que, de acordo com a esquerdista Dorri Olds, é “feito em grande parte por gente que na vida real é conservadora.” Olds, que assistiu à pré-estreia no ano passado, acrescenta que “foi pura propaganda da direita cristã” e que é “Um Filme Somente para Conservadores Cristãos.” Então, é perfeito para mim!
Televangelista John Luther com seu rosário e sua arma
De acordo com o WorldNetDaily, “‘Perseguição’ conta a estória da luta de vida e morte do evangelista John Luther para pregar o evangelho sem fazer concessão a uma agenda política motivada por ganância.”
MovieGuide diz: “‘Perseguição’ é um filme de suspense político acerca de um evangelista renomado que se vê alvo de uma conspiração secreta para limitar a liberdade religiosa nos Estados Unidos.”

Um televangelista incriminado de modo fraudulento

James Remar faz o papel de John Luther (que em português significa João Lutero), um televangelista cristão nacionalmente aclamado cuja fama e influência o tornam uma ferramenta política essencial para o senador Donald Harrison (Bruce Davison) em seus esforços para aprovar no Congresso dos EUA a “Lei de Fé e Justiça.” O mal definido projeto de lei, tendo algo a ver com dar igualdade a todas as religiões, não agrada ao televangelista Luther, que se recusa a cooperar, de acordo com o site Hollywood Reporter.
Já que a ação ocorre até certo ponto na cinemática capital do governo dos EUA, onde os conflitos políticos são resolvidos por meio de atos criminosos, Luther logo se vê raptado, drogado e fotografado, em fotos indecentes, com uma menina nova num complô, executado por nefastos agentes do Serviço Secreto, em que o senador ordena que ele, para destruir sua credibilidade e garantir a aprovação do projeto de lei do senador, seja falsamente incriminado pelo estupro e assassinato da adolescente inocente, de acordo com o Hollywood Reporter.
Luther escapa e se torna uma versão de rosário na mão do personagem de Harrison Ford do filme “O Fugitivo,” de acordo com Jon Webster do jornal Examiner. Ele se torna um homem procurado pela polícia com seu rosto em todos os meios de comunicação. Então ele usa um disfarce clássico — óculos escuros e suéter de touca. Para assistir ao filme completo no Youtube, vá a este link: https://youtu.be/98IXdjJoNy0

Ele tenta encontrar a evidência que comprovaria sua inocência, enquanto evita a polícia e agentes governamentais e enquanto a direção de seu ministério está sendo tomada pelo vice-presidente oportunista (cujo papel é desempenhado pelo comediante cristão conservador Brad Stine).

Um televangelista e seu pai que é padre católico

Vulnerável e desesperado, ele clama a Deus pedindo direção. O pai de Luther é o Pe. Charlie Luther, um padre católico, representado por Fred Thompson. O padre ajuda seu filho, mas ele sabe que grandes forças estão contra ele. O senador envia assassinos e agentes secretos do governo atrás deles. O Pe. Charlie é assassinado.
MovieGuide diz: “O filme também insinua que o presidente dos Estados Unidos está envolvido nas tramas para tirar o evangelista do caminho, mas esse complô pode precisar de mais clareza. Finalmente, o filme como está agora editado não explica como exatamente o evangelista conseguiu ter um pai que é um padre católico.”
Não há explicação de como um padre católico tradicional se tornou o pai de um televangelista popular. Ainda que o filme não tenha insinuação maliciosa, houve obviamente uma violação do celibato católico. Mas pelo fato de que pai e filho são muito conservadores, não se levantou nenhuma suspeita acerca do televangelista híbrido que adora a Bíblia e o rosário.
MovieGuide diz que “Perseguição” “dá uma alerta à Igreja Cristã, o Corpo de Cristo, para que tenha cuidado antes de se prostituir com o governo. No filme, a nova lei oferece às igrejas e organizações religiosas um benefício fiscal especial para seduzir líderes religiosos a apoiar a nova lei. Quando o evangelista é incriminado de forma fraudulenta pelo assassinato da adolescente, o vice-presidente da organização dele convence a diretoria do ministério a apoiar a nova lei de modo que eles possam obter mais contribuições financeiras. Isso leva a um confronto intenso entre o evangelista e sua diretoria, inclusive seu vice-presidente que claramente quer tirar a liderança do evangelista na organização.”
MovieGuide rotula “Perseguição” como “um empolgante e provocativo filme político de uma perspectiva cristã forte e de certo modo conservadora ou libertária.”
O Hollywood Reporter diz: “Quando o filme chega à sua conclusão violenta, Luther, armado de um rosário e de uma arma, é forçado a resolver as coisas por contra própria.” Isso para mim é Babilônia, uma palavra que significa “confusão.”
Em muitos aspectos, gostei de “Perseguição.” Não tem palavrões. Estou cansado de filmes americanos com linguagem suja, até mesmo de atores supostamente cristãos.
Contudo, ainda que Luther quase foi assassinado porque ele não apoiou uma lei para unificar pessoas de todas as religiões, “Perseguição” dá a mensagem de que a fé católica e a fé evangélica são iguais.

Liberdade de expressão: um problema só na Rússia e China, não nos EUA e Arábia Saudita

O filme parece também sugerir que o valor mais importante é a liberdade de expressão e, plenamente satisfazendo a vontade dos neocons, Luther diz acerca de sua preocupação de que os EUA poderiam se tornar uma “Rússia, China ou Irã,” com leis repressivas contra a liberdade de expressão.
É exatamente isso que os neocons querem ouvir. No entanto, se a liberdade de expressão é tão importante, por que não incluir a Arábia Saudita, que é tão islâmica quanto o Irã, mas muito pior em perseguição aos cristãos? Na Arábia Saudita, não se permite nenhuma igreja e Bíblia, e esse é o mais importante aliado islâmico dos EUA. Por que não desmascará-lo?
A Rússia não persegue as pessoas que expressam suas opiniões contra o aborto e a sodomia. E quanto aos EUA? Como é que deveríamos medir a liberdade de expressão nesses casos conservadores cruciais?
Acerca da China, por que se queixar deles? Os EUA têm sido o principal alimentador financeiro da China, que está construindo o maior exército comunista do mundo por meio do investimento em massa de empresas americanas em solo chinês.
Além disso, embora o protestantismo nos EUA, a maior nação protestante do mundo hoje, esteja diminuindo, na China o Cristianismo evangélico está aumentando e está pronto para ultrapassar a população protestante dos EUA nos próximos anos. Isto é, a China será a maior nação protestante do mundo.
Os EUA têm liberdade de expressão. A China não.
O protestantismo nos EUA está encolhendo. Na China, está aumentando. O que isso nos diz?
O verdadeiro Cristianismo cresce sob perseguição. A igreja cristã primitiva não tinha liberdade de expressão nenhuma, mas cresceu.
A liberdade de expressão não é essencial para a sobrevivência cristã. A pregação do Evangelho é.
Numa entrevista à CBN (Rede de Televisão Cristã) de Pat Robertson, Daniel Lusko, produtor de “Perseguição,” disse: “John Luther é o herói de nossa história. E ele se torna um grande evangelista no nível de Billy Graham, numa época em que os EUA se tornam um ambiente desfavorável para o Evangelho.”
Minha mãe se converteu a Cristo por meio da mensagem do Evangelho de Billy Graham. Ela tinha seu rosário. Mas depois de aceitar Cristo, ela compreendeu que um rosário não é necessário para orar a Deus, que nos ouve por meio de Jesus Cristo. Entretanto, o exemplo de John Luther parece às vezes sugerir que um estilo de vida conservador nacionalista é mais importante do que um estilo de vida do Evangelho e que você pode ser um conservador híbrido católico-evangélico-não-denominacional, sem nenhum prejuízo espiritual.
Podemos ganhar o mundo inteiro para o conservadorismo, mas se os conservadores não conhecem a Cristo de uma forma pessoal, de que vale?
“Pois que lucro terá uma pessoa se ganhar o mundo inteiro, mas perder a sua alma? Ou, o que poderá dar o ser humano em troca da sua alma?” ( Mateus 16:26 KJA)

Fundamentalistas de ontem e de hoje

Jon Webster disse: “Para resumir, este é um filme que atrairá os cristãos fundamentalistas.”
Se esses fundamentalistas forem como os fundamentalistas originais, eles certamente não gostarão de “Perseguição.” O termo original para fundamentalismo era usado para evangélicos que desenvolveram e seguiram “Os Fundamentos,” um enorme livro teológico, editado por R. A. Torrey, para confrontar o liberalismo, o ecumenismo, o socialismo e heresias entre igrejas protestantes no início do século XX.
“Os Fundamentos” rejeita muitas das doutrinas católicas como incompatíveis com a Bíblia. Incentivava os protestantes dos EUA a evitar o Cristianismo híbrido de John Luther.
Entre os evangélicos brasileiros, um evangélico amante de rosários seria rotulado de um cristão confuso e perturbado. Aliás, eles não compreenderiam por que seus irmãos evangélicos americanos não vêm problema em tal evangélico.
Não estou preocupado com católicos ou ortodoxos com rosários. Mas um televangelista evangélico? Um “Billy Graham” com rosário? Será que John Luther representa o que está acontecendo com os evangélicos americanos?
O ministério do televangelista híbrido Luther se chama “Truth” (que em inglês significa Verdade), um nome ousado que exige palavras e atitudes ousadas. Assim é muito oportuno dizer a verdade sobre esse filme.
“Perseguição” não ataca o islamismo, o maior perseguidor e assassino de cristãos hoje e durante muitos séculos. Mas ataca os inimigos geopolíticos dos Estados Unidos: Rússia, China (um parceiro comercial especial, um “inimigo” muy amigo) e o Irã. Isso muito agrada aos neocons.
“Perseguição” não ataca a proibição total à liberdade de expressão na Arábia Saudita e outras ditaduras islâmicas que são aliadas dos Estados Unidos. Isso muito agrada aos neocons.

União pró-família, sim, hibridismo, não

“Perseguição” agrada a católicos e evangélicos criando um conservador híbrido católico-evangélico: um “Billy Graham” de rosário. Por que não um conservador híbrido católico-ortodoxo-evangélico-judeu? Minha preocupação é que essa tendência perigosa poderá levar a um futuro conservador híbrido muçulmano-cristão-hindu-budista, e todos nós sabemos como os EUA têm inclinação para a “diversidade.”
Não sou contra uma união pró-família entre católicos, ortodoxos, judeus e evangélicos. Mas, num nível espiritual profundo, precisamos criar híbridos? Precisamos de um televangelista geneticamente modificado (falando em termos espirituais)?
Às vezes, John Luther parece mais um conservador nacionalista do que um evangelista. Outras vezes, ele parece mais um evangelista do que um conservador nacionalista. Isso é confusão. Isso é Babilônia.
O conservadorismo é importante, mas não é o Evangelho e não pode substituir o Evangelho. Falo como evangélico aos evangélicos.
Que os católicos sejam católicos. Que os ortodoxos sejam ortodoxos. Que os judeus sejam judeus. Que os evangélicos sejam evangélicos. Que eles se unam em esforços pró-família conservadores. Mas por que usar o Evangelho para quebrar as diferenças entre os cristãos e criar híbridos por amor a um conservadorismo nacionalista? Por que criar um “ecumenismo” estranho no nome do conservadorismo, patriotismo ou nacionalismo?
No artigo do WorldNetDaily, Daniel Lusko disse: “Logo que você põe toda sua confiança numa instituição que não pode substituir Deus, então ela se torna uma armadilha. É por isso que essa história é tão essencial, pois ele poderia ter sido um crente em qualquer tipo de fé.”
Eu poderia também acrescentar: “Logo que você põe toda sua confiança no nacionalismo ou patriotismo, que não pode substituir Deus, então ele se torna uma armadilha.”
Tire o rosário, e “Perseguição” será perfeito. Se Lusko queria um herói com um rosário, ele deveria deixar o padre católico ser o único herói.
Tire também suas críticas nacionalistas dirigidas apenas a nações não alinhadas com os EUA, e “Perseguição” será perfeito. A Arábia Saudita merece ser criticada por sua proibição total à liberdade de expressão.
E por que não elogiar as leis russas que proíbem a propaganda homossexual para crianças? Se os EUA são melhores do que a Rússia em liberdade de expressão, por que na Rússia os cristãos podem criticar a sodomia, e nos EUA eles não podem fazer isso? Por que a Rússia protege as crianças contra a agenda gay, e os EUA não?
Introduza esse exemplo russo, e “Perseguição” será perfeito.
É impressionante que John Luther (dois nomes cristãos combinados; um da Bíblia [John, que significa João], o outro de Martinho Lutero [Luther significa Lutero], o pai da Reforma protestante) lute por uma nova reforma.
Entretanto, enquanto o Lutero original lutou contra a corrupção na instituição católica 500 anos atrás, o moderno John Luther é um patriota americano lutando contra as forças das trevas do governo dos EUA representado pelo senador Donald Harrison (Bruce Davison) e um presidente americano corrupto (James R. Higgins) de cabelos brancos caricaturais que parece o esquerdista alcoólatra Ted Kennedy e tem a voz do esquerdista mentiroso adúltero Bill Clinton.
O híbrido evangélico patriota Luther se opôs à “Lei de Fé e Justiça,” criada supostamente para proteger todas as religiões e lhes dar igual liberdade de expressão.

Liberdade religiosa acima do Evangelho

No artigo do WorldNetDaily, intitulado “Confiar em Deus ou no governo?” Fred Thompson, que fez o papel do Pe. Charles Luther, disse: “Muito francamente, qualquer povo religioso deveria sentir o direito de praticar aquilo em que acredita. É por isso que esse filme é importante para todos os que já sentem que a liberdade de expressão ou religião está sob ataque de qualquer tipo que seja.”
Concisamente, essa não é a “Lei de Fé e Justiça”?
Então o pai do televangelista híbrido acabou traindo seu filho e seu filme.
Contudo, por outro lado, John Luther é um espelho dessa “Fé e Justiça” com seu hibridismo que iguala a fé católica e a fé evangélica. De certo modo, ele se opõe a algo que ele vive. Isso é confusão. Isso é Babilônia.
Um pastor evangélico de Bíblia e rosário é também uma traição, não para católicos, que seguem essas tradições, mas para R. A. Torrey e todos os líderes evangélicos americanos que defenderam sua fé contra o que eles viam como tradições católicas não bíblicas.
Lusko disse, num artigo do ChristianPost, que ele é filho de pastor e cresceu no ambiente de mega-igrejas e pregadores — tanto bons quanto charlatões. Fico pensando: quantos desses pregadores oravam a Deus com rosários?
Em toda a minha vida, nunca vi um televangelista ou qualquer evangélico usando um rosário em seu desespero e momentos de aflição. Por que um evangélico buscaria a Deus dessa forma?
Pregar hibridismo religioso patriótico para salvar a honra nacional é mais importante do que pregar o Evangelho que ofende a confiança em objetos religiosos, mas salva almas eternas?
Às vezes, “Perseguição” mostra o Evangelho correto, Outras vezes, mostra confusão. Mostra Babilônia.
No final, “Perseguição” mostra John Luther cansado de corrupção no governo dos EUA, de um ministério cheio de oportunistas ansiosos para se prostituir com o governo e ele parece querer só pregar a Bíblia — com ou sem rosário?
O que está acontecendo com os evangélicos dos EUA?
“Perseguição” foi exibido na convenção dos Donos de Rádios e Televisões Religiosas Nacionais em fevereiro de 2014 em Nashville, Tennessee, e em março de 2014 na Conferência de Ação Política Conservadora em Washington, D.C, se tornando um modelo para evangélicos e conservadores.

O que é um cristão real?

Os produtores de “Perseguição” cometeram o erro de convidar esquerdistas para assistir à pré-estreia mundial do filme em Nova Iorque no ano passado. Um deles foi a feminista pró-aborto Dorri Olds, que escreveu sobre suas conversas com atores e produtores de “Perseguição.”
“Boa parte de nossa cultura está erodindo,” o ator e produtor James R. Higgins disse para ela. “Não há tantos cristãos reais como costumava haver.”
Olds perguntou: “O que é um cristão real?”
Higgins respondeu: “Alguém que defenderá aquilo em que crê e não retrocederá.” Ele louvou o personagem Luther, dizendo: “Toda vez que as pessoas estão dispostas a morrer pela sua causa, eu acho que isso é realmente especial.” Conforme registrado no TheBlot, Olds acrescentou: “Sim, é isso mesmo. Vamos todos nos tornar homens-bombas!”
Ela também comentou: “Quando Higgins expressou como é importante proteger nosso direito à liberdade, perguntei se ele achava que as mulheres deveriam ter a liberdade de fazer aborto. Ele disse: ‘Ai, meu Deus. Essa é uma pergunta difícil. Isso é o que chamo de questão social.’”
Defender a liberdade e a liberdade de expressão numa sociedade cristã, como aconteceu nos EUA 200 anos atrás, produz liberdade. Em contraste, defender a liberdade e a liberdade de expressão numa nação moralmente decadente hoje produz liberdade para o aborto, sodomia e outros males.
Na definição de Higgins, conforme escreveu Olds, até os muçulmanos radicais podem ser “cristãos reais.” Mas será que tal definição é correta?
Se a feminista Olds tivesse me perguntado “O que é um cristão real?” eu teria respondido: “Um cristão real é um homem que conhece e segue Jesus Cristo. Sua paixão é pregar o Evangelho a toda criatura para lhes dar uma oportunidade de conhecerem que Jesus pode resgatar e salvar suas almas eternas do inferno eterno.”
Pregue liberdade de expressão para feministas como Olds, e elas a usarão para o aborto. Pregue o Evangelho para elas, e elas poderão ser libertas de seus pecados, inclusive do ativismo pró-aborto.
Pregar o Evangelho real, independente da liberdade de expressão, produz liberdade, aqui e para sempre.
O poder de Jesus e seu Evangelho nunca dependeram da liberdade de expressão. Basta perguntar aos cristãos chineses.
Com informações de MovieGuide, WorldNetDaily, Hollywood Reporter, The Blot and Examiner, ChristianPost, CBN e Wikipedia.
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