domingo, 16 de março de 2014

Mídia ucraniana diz que russos manipulam referendo na Crimeia

Os habitantes da Crimeia decidem em referendo sobre o futuro da península. Segundo a mídia ucraniana, votação está sendo manipulada por Moscou. Diante da tensão, Rússia e Ucrânia aprovam cessar-fogo

O controverso referendo na República Autônoma da Crimeia sobre uma anexação à Rússia transcorre sem incidentes neste domingo (16/03), informaram as autoridades da península no Mar Negro. No entanto, diante da tensão na península, Rússia e Ucrânia acertaram um cessar-fogo que deverá valer ao menos até a próxima sexta-feira, declarou neste domingo em Kiev o ministro ucraniano da Defesa, Ihor Tenyukh.
De acordo com o ministro, até a próxima sexta-feira os soldados russos estacionados na Crimeia não vão atacar bases militares ucranianas. A Rússia prometeu ainda suspender temporariamente o bloqueio a bases militares ucranianas na Crimeia.
Por sua vez, o chefe de governo pró-russo da região, Serguei Aksyonovo, declarou na TV russa que a participação eleitoral no referendo para definir o futuro da Crimeia giraria em torno de 50%. Após o fechamento dos locais de votação, previsto para 20h (15h em Brasília), os primeiros resultados estão sendo esperados ainda para a noite deste domingo.
Os chefes das mesas de votação de diferentes regiões informaram que muitos membros da minoria tártara também estariam participando do referendo. Anteriormente, a comunidade dos tártaros, tradicionalmente pró-Ucrânia, conclamou ao boicote.
De acordo com a mídia ucraniana, a votação estaria sendo manipulada pela Rússia. Muitos cidadãos russos, que não estariam inscritos nas listas eleitorais, teriam sido transportados de avião para votar no referendo.
 
Referendo pró-russo
A cédula eleitoral mostra que o referendo possui uma clara linha pró-Rússia. A primeira pergunta na cédula eleitoral é: "Você é a favor da reunificação da Crimeia com a Rússia como uma entidade jurídica da Federação Russa?", ou seja, a favor de que a Crimeia se junte à Rússia. A segunda pergunta não aponta para uma alternativa clara: "Você é a favor da restauração da Constituição da República de 1992 e do status da Crimeia como parte da Ucrânia?".
A possibilidade de votar a favor da permanência junto à Ucrânia sem uma restauração da Constituição de 1992 – ou seja, para o Estado antes da crise – não foi dada aos moradores da Crimeia. A Constituição de 1992 surgiu na época da dissolução da União Soviética e incluiu a possibilidade da realização de um referendo sobre a independência da Crimeia. Pouco tempo depois de ser outorgada, essa Constituição foi anulada.
Aparentemente, o referendo será decidido por maioria simples, ou seja, metade dos votos mais um. Aliado ao fato de 60% dos habitantes da Crimeia serem de origem russa, isso torna o resultado facilmente previsível.
Votação em trâmite de urgência
As cerca de 1,8 milhão de pessoas aptas a votar no referendo da Crimeia não tiveram muito tempo para pensar sobre a sua decisão de voto. Há duas semanas, no dia 27 de fevereiro, o Parlamento da Crimeia – sob vigilância russa – anunciou a realização do referendo para o dia 25 de maio. Ele deveria acontecer concomitantemente às eleições presidenciais na Ucrânia.
No dia 1° de março, o novo primeiro-ministro ucraniano, Serguei Aksyonov, que havia sido empossado na sessão de 27 de fevereiro, anunciou que o referendo já deveria acontecer em 30 de março. No dia 6 de março, o Parlamento da Crimeia decidiu uma nova mudança e então o referendo foi antecipado para 16 de março.
Anexação quase certa
Nos dias que antecederam o referendo, formaram-se longas filas em frente aos caixas eletrônicos, principalmente na capital da Crimeia, Simferopol, porque muitos clientes queriam retirar cédulas ucranianas. Nas ruas, via-se um grande número de homens armados.
De acordo com o Ministério da Defesa ucraniano, até 22 mil soldados russos estariam atualmente presentes na região. Como disse o chefe de governo em Moscou, Vladimir Putin, eles devem garantir a segurança da população de etnia russa.
Neste domingo, a Crimeia abriu os 1.200 locais de votação às 8h (hora local) sob forte esquema de segurança. A liderança pró-russa da Crimeia espera o apoio de mais de 80% dos eleitores para uma anexação à Rússia.
A Ucrânia e o Ocidente não reconhecem o referendo. Eles consideram a votação uma violação do direito internacional. A Rússia pretende incorporar a península no Mar Negro, independente das ameaças de sanções do Ocidente.
História conturbada
Até agora, a República Autônoma da Crimeia fez parte da ex-república soviética Ucrânia. Em 1954, ela foi incorporada ao país dentro da União Soviética pelo então chefe do Kremlin, Nikita Kruschev. Para justificar o referendo, Moscou sublinhou o direito de autodeterminação da população da Crimeia de maioria russa, pretendo assim impor uma "volta" da península à pátria. Há mais de 200 anos, Sebastopol, cidade portuária da Crimeia, é sede da frota russa do Mar Negro.
Até o fim do século 19, a maioria da população da península era formada por tártaros da Crimeia, de religião muçulmana, e por uma pequena parte de russos e ucranianos.
Stalin deportou a maior parte dos tártaros para a Ásia Central, substituindo-os por russos. Somente após a virada política na década de 1980, alguns tártaros da Crimeia voltaram para a sua terra natal. No início deste século, a sua porcentagem na população girava em torno dos 12%, enquanto os russos perfaziam 60% e os ucranianos, 25%.

FONTE:
http://noticias.terra.com.br/mundo/europa/midia-ucraniana-diz-que-russos-manipulam-referendo-na-crimeia,2b506996723c4410VgnCLD2000000dc6eb0aRCRD.html
Share:

0 comentários:

Postar um comentário

Faça seu comentário aqui ou deixe sua opinião.

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.

SUA LOCALIZAÇÃO, EM TEMPO REAL.

Blogger Themes

Total de visualizações de página

Seguidores deste canal

Arquivo Geral do Blog

Minha lista de Sites e Blogs Parceiros

Translate this page

Hora Certa