quinta-feira, 26 de setembro de 2013

NSA espionou Muhammad Ali e Martin Luther King

ED PILINGTON
DO "GUARDIAN"
A Agência Nacional de Segurança (NSA) dos Estados Unidos gravou conversas internacionais de críticos proeminentes da guerra do Vietnã, entre os quais Martin Luther King, Muhammad Ali e dois senadores norte-americanos no exercício de seus mandatos, como revelam documentos sigilosos recentemente liberados.

As escutas incluíam ligações telefônicas e cabogramas de dois senadores no exercício de seus mandatos - Frank Church, democrata do Idaho, e Howard Baker, republicano do Tennessee, este último, misteriosamente, um dos mais firmes partidários do esforço de guerra norte-americano no Vietnã. A NSA também interceptou comunicações internacionais de jornalistas conhecidos como Tom Wicker, do "New York Times", e Art Buchwald, escritor satírico que tinha uma coluna no "Washington Post".


Alem de King, uma segunda figura importante na luta pelos direitos civis, Whitney Young, da Liga Urbana Nacional, também teve suas comunicações interceptadas clandestinamente. O boxeador Muhammad Ali, campeão mundial dos pesos pesados, foi colocado na lista de escutas por volta de 1967, depois de se pronunciar contra a guerra do Vietnã. Ele foi aprisionado por recusar a convocação para o exército, perdeu seu título e foi excluído do boxe, e acredita-se que tenha continuado a ser alvo de vigilância pelos próximos seis anos.

A agência envidou grandes esforços para manter ocultas do público suas atividades, conhecidas como "Operação Minaret". Todos os relatórios relacionados à operação era impressos em papel sem logotipo da NSA ou outras marcas de identificação exceto o carimbo "apenas para uso informativo". Os documentos eram entregues por mensageiro diretamente à Casa Branca, muitas vezes diretamente ao presidente Lyndon Johnson, que estabeleceu o programa em 1967, e seu sucessor Richard Nixon.

A falta de fiscalização judicial sobre o programa de escutas levou até mesmo a história oficial da NSA a concluir que a Operação Minaret havia sido "causa de descrédito, se não abertamente ilegal".

As novas revelações foram extraídas da NSA atual depois de um apelo ao Painel Nacional de Classificação de Segurança, de parte do Arquivo de Segurança Nacional, um instituto independente de pesquisa ligado à Universidade George Washington.

A Operação Minaret originalmente tinha por alvo traficantes de drogas e suspeitos de terrorismo, mas foi alterada, a pedido da Casa Branca, para rastrear as atividades políticas legítimas de pessoas que protestavam contra a guerra.


A preocupação do público quanto à escuta clandestina de comunicações de opositores da guerra, via Minaret, ajudou a provocar debates no Congresso que, em 1978, resultaram na criação do Tribunal de Vigilância de Inteligência Estrangeira (Fisa). Paradoxalmente, o tribunal Fisa agora tem posição central no furor que cerca a NSA por sua coleta de registros telefônicos e dados de Internet, depois das revelações de Edward Snowden.

Tradução de PAULO MIGLIACCI

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